terça-feira, 22 de dezembro de 2015

Recorrente tiro no escuro

Você já teve a sensação de não ter um lugar específico no mundo? Ou a sensação de que poucas coisas foram feitas pra você por aqui? Eu já. Não se trata de ingratidão ou vitimização diante da vida, e sim reconheço a necessidade de que sempre precisamos tomar nossas vidas pelas rédeas para que sejam nossas de fato. Dizem que isso se chama apropriação. 

Eu me apropriei de muita coisa na minha vida. Corri atrás de uma formação profissional, consegui um emprego, quase dou conta de todas as minhas contas, tenho um espaço para morar sozinha, etc. Mas o vazio continua lá, como se me faltasse algo a conquistar. 

Essa conquista não me parece ser totalmente profissional, ou totalmente pessoal. É uma conquista de ser quem sou, dia após dia. Nesse processo, há também um peso. Quando reflito não ser mais aquela pessoa do passado, nem tenho mais aqueles costumes, e não há como recuperar. Não há o desejo real de retomar. Tive que modificá-la pra ser quem sou hoje.

Não sei você, mas imagino, as vezes, se eu pudesse voltar, será que haveria recomeço melhor? É como aquele namoro que não deu certo, mas você sempre se questiona: “não era pra ter dado certo mesmo? Foi um erro não continuar?” Perguntas sem respostas a curto prazo, talvez sem respostas por toda a vida.

Todo caminho escolhido leva consigo a imaginação das outras escolhas não feitas e a certeza de que jamais saberíamos como seria. E há dias nos quais, infelizmente, eu não me conformo em não saber como poderia ter sido, ou que de fato eu poderia ter feito outra coisa, mesmo que naquele momento passado eu não tinha como enxergar outras possibilidades. Era o que havia no momento que existia.

Hoje eu empurro minha vida, forço a barra mesmo, afinal de contas, decidi apostar em mim todas as minhas fichas. E isto custa caro. Coloco-me diante da minha existência no mundo, acreditando nela três dias sim, um dia não. Vinte e quatro dias no mês e nos outros seis eu só desejo sumir. Bom, isso já foi pior. São contínuos tiros no escuro. Há acertos e erros, e não há como saber as reais proporções.

Simplesmente, não faço a menor ideia de onde ainda vou chegar. A única coisa que eu tento acreditar é que os melhores momentos da minha vida existiram no passado e também existirão no futuro. O presente? É a concretização de um futuro valioso e deixará a lembrança de um passado bem vivido.


sexta-feira, 18 de dezembro de 2015

Inícios

Quem pode definir de onde começa uma amizade? A partir de qual dado momento nasce o sentimento de desejo de que aquela pessoa agora faça parte da sua vida por tempo indeterminado? Torna-se quase uma necessidade ter aquela amizade por perto ou em contato no telefone.

Naquela vez, eu senti que foi no segundo encontro da turma. A ida até o evento reservou o primeiro momento:
- "Preciso desabafar, aconteceu algo e sei lá, estou tão confuso". Meia hora de conversa sobre o caso de quase ex amor do novo amigo.

A chegada ao samba concretizou a união. Alguns brindes ao som da música que o fazia lembrar a situação de coração quebrantado e que de longe ele gritou "ei, olha a música!". Segundo momento. Fui até lá, cantar abraçada com ele.

E o resto da noite foi assim, risadas e piadas internas, em meio à todos os outros amigos. É bom sentir a pureza de uma boa amizade começando.


domingo, 13 de dezembro de 2015

Organização de Pessoas

A vida, em suas eventualidades, brinca o tempo todo com a gente. Não nos permite encaixes completos, nem superação em prol de esquecimentos. Nós até nos organizamos em virtude do passar do tempo, por vezes somos obrigados a guardar lembranças, mas quem dirá o que realmente é passado já que muitas vezes revive o tempo todo na memória?

Esses dias me peguei querendo organizar minha mente, por ordem na casa, separando e encaixotando tudo em seu devido lugar. Aparentemente, algumas coisas tomaram rumo, outras foram de vez deixadas de lado, mas quando se trata de pessoas e lembranças, é impossível organizar por completo.

Ninguém respeita de verdade a lembrança do outro. Há momentos que o não reconhecimento de seu lugar trás a tona gente que nem deveria, sem nenhum controle de qualidade. E pronto, temos que lidar com isso. Temos que ser educados, talvez, ou convidar ao retiro. Mas só esse retorno de pessoas já idas mexe com o que havia de fato sido encaixotado. A caixa abre de outra maneira, e o que antes cabia lá dentro precisa ser reorganizado por causa das novas lembranças daquele passado presente.

Há momentos que é impossível organizar completamente o lugar das pessoas na nossa vida. Já que não depende só da nossa vontade, mas da vontade dessas outras pessoas também. Resta aprender a lidar com cada caixa, remexendo ou trocando o rótulo de vez em quando, numa renovação de estoque sem fim.


segunda-feira, 30 de novembro de 2015

Decida-se ou Devoro-te

Há momentos na vida em que precisamos decidir algo. Estes são terríveis martírios! Até então você estava vivendo uma experiência, aproveitando o que ela te proporcionava, e chega ao ponto em que algo precisa ser resolvido em prol de uma possível continuidade ou de um fim. A magia acaba, a razão se compromete pela dúvida, os olhos se encharcam rotineiramente, os ombros pesam. Há um tijolo dentro do seu cérebro que precisa ser removido, o peso daquela decisão que precisa ser tomada não lhe deixa mais nem dormir, mesmo quando você está com sono. Tudo pesa. 

Não há recuo, você já andou demais. Não há um ponto de chegada próximo, sem que você escolha um dos caminhos da bifurcação à sua frente. Parece uma grande peça que o destino lhe prega. E você se sente inútil, ou mesmo isento de uma inteligência considerável, já que não consegue ver as coisas de outra forma. Você está envolvido demais naquela situação. 

Ninguém de fora lhe dá uma resposta aceitável. Ou um conselho chave. É como se só dependesse de você, do seu frágil e duvidoso emocional, daquilo que você acredita ser o melhor. Dois pesos, duas medidas. As consequências não são pesadas devidamente até que você decida, porque não há como prever o futuro. É o ponto cego. Ou vai e paga pra ver, ou não e é cobrado mesmo assim. Uma hora a conta chega, e mesmo havendo a opção de acúmulo de contas, você arcará com todas elas. Talvez o ideal seja pagar na data de vencimento mesmo, sem juros. Será?

E a ilusão de que talvez mais na frente você tenha melhores condições de pagamento, de parcelamento, ou de anulação. Nada lhe é garantido, prometido, assegurado. Não há contrato de resolução. Passo a passo ou termos de condição.

E você, cansado de analisar ou planejar tudo, vai e decide pagar pra ver. Pagar a vista, de uma vez só. Desembolsa sua coragem, sua determinação, o que você acredita ser a melhor decisão. Sem imaginar mais quais serão as consequências, você chuta o balde. Chuta o pau da barraca. Joga as cartas na mesa. Põe tudo em pratos limpos. Se expõe. 

E no fim das contas, resta-lhe o saldo zero. Você gastou tudo o que tinha. E o início do caminho escolhido ainda não lhe dá nem a possibilidade de enxergar se, pelo menos num futuro próximo, haverá novamente um saldo positivo em sua conta para novos comprometimentos. Ainda é cedo para saber. Mas já estava em cima da hora para pagar. Resta-lhe caminhar.


sexta-feira, 13 de novembro de 2015

Eu sou hipócrita

Vivo defendendo a ideia de que as pessoas devem ser mais tolerantes, mas ando beirando a intolerância com alguns.

É fácil conviver num lugar onde todos pensam igual. Por isso, em alguns momentos, eu acabei me acostumando, já que convivo muito (graças a Deus) com gente de cabeça boa, mente aberta. 
Mas eu preciso tomar cuidado, porque bons modos e boa educação são contagiantes, e me deixam num estado de ânimo, satisfação e esperança de que o mundo tem jeito. 
Só que como não posso estar somente com essas pessoas nesses lugares, também entro em contato com aquelas de pensamento pequeno, reduzidas à uma verdade, defensoras de causas e enquadramentos que consideram ser o certo, e eu adoeço. Já me vi querendo aconselhar, abrir os olhos delas, etc. Mas essa posição não me cabe. 

O que eu preciso aprender é a não me afetar por completo.
 
Em minha defesa, preconceito eu sei que é algo que nunca vai deixar de existir. Eu tenho preconceitos. Só não dá pra aceitar discriminação. Só não dá pra aceitar julgamentos ofensivos, abusivos, sem noção. 

Então, humildemente, gostaria de fazer um pedido:
Enquanto eu não aprendo a lidar com esses comentários desnecessários, separatistas, abusivos, ofensivos, etc., não o façam perto de mim. Só isso. Por agora, enquanto sou imatura. 
Só enquanto eu acho que não há necessidade de definir toda e qualquer pessoa em uma "categoria considerada errada". Só enquanto eu aprendo a não responder à esses comentários ironicamente porque pra mim, já deu.

Por que ainda não tenho paciência o suficiente pra me calar. 

É uma fraqueza minha, eu sei. Minha mãe me ensinou que eu deveria ser educada e me calar diante de situações desagradáveis e/ou ofensivas. Isso eu ainda não aprendi.


#nãotireobatomvermelho

quarta-feira, 28 de outubro de 2015

Gente Grande

Queria uma resposta sobrenatural. A vontade não é motivo suficiente, não agora. Quando eu era criança, confortável demais no meu sofá, adormecia sem ir pra cama e, sem decidir nada, meu pai me levava nos braços. Hoje, se adormeço no sofá, fico no sofá. Não há ninguém pra tomar essa decisão por mim. Perdeu a graça poder perder a responsabilidade de vez em quando. 

O bom é quando é um privilégio. Como quando eu saía pra brincar com autorização e voltava machucada: tudo bem, foi concedido. Mas quando ia só por minha vontade, o machucado era maior, porque a culpa ganhava espaço. Não tinha direito de reclamar a dor, nem de pedir colo porque “eu sabia”.

Ser gente grande é pura e simplesmente isso, adormecer no sofá se quiser. Comer a sobremesa antes do almoço, se quiser. Não comer nas horas certas se assim bem entender. E não há mais um divertimento genuíno, como uma batalha conquistada por desobediência que causava um sentimento de medo e prazer ao mesmo tempo.

Às vezes, assumir-se responsável é um pé no saco.

MadMen

sábado, 17 de outubro de 2015

Todas as Duas

Constantemente, saio de quem penso que sou e me torno outra que parece nova. Estranho-me. O espelho não me responde, os amigos vêem pouco, os escritos se alteram. Posso então dizer mesmo que essa outra não sou eu? Se está em mim, é parte. Não posso externá-la. Não posso dominá-la, não posso negá-la. Essa outra, confusa, estranha, sem jeito comum, sou eu.
E ficamos lá, juntas na mesma casa, convivendo forçadamente, pois são duas pessoas diferentes em quase tudo. A casa fica mal humorada, silenciosa, melancólica, racional e apática. Quase inerte.
Até que uma sobrepõe a outra. Aquela que é mais aceita, me mostra que a segunda precisa de espaço porque ela, por vezes, cansa, e a outra mais dura consegue dar conta.
Aceito então todas as duas. "Todas as duas" porque separadas as vezes parecem mais.
No fim das contas, não sucumbe a casa só porque o teto muda. Por vezes, até melhora.


domingo, 11 de outubro de 2015

O método KonMari

Recentemente eu assisti esse vídeo que me causou certa curiosidade e empolgação sobre como arrumar as minhas coisas. Sempre gostei de me organizar (depois da adolescência, claro) mas sempre volto à bagunça ou mesmo não organizo tudo como gostaria, no meio do processo dá preguiça, enfim...

Até que Marie Kondo me ensinou a solução com uma pergunta simples "isto me trás alegria?"
Pronto, o suficiente pra me fazer reavaliar todos os meus pertences. Comecei a ler o livro e sim, fez sentido completamente tudo que ela vai trazendo no decorrer das páginas. As dicas, pra mim, são valiosíssimas porque aos poucos fui lendo e pondo em prática e minhas coisas foram entrando nos eixos de uma maneira tão especial que até da vontade de levar esse método pra tudo que eu for fazer na vida!

O livro se chama A Mágica da Arrumação e, em um breve resumo, a autora vai tratando de explicar o método de arrumação que ela foi aprendendo ao longo da sua vida e o porque de funcionar. Basicamente, ela pega todas as dicas que antes existiam e vai quebrando uma a uma, mostrando o porque de não funcionarem e a partir dessa desconstrução ela vai construindo o seu método. Que mulher brilhante! É sério, você já havia parado pra pensar nisso? Porque eu nunca. Um negócio simples, arrumar minhas coisas em casa de uma maneira que me traga alegria, não só por obrigação ou utilidade. Fantástica essa japonesa!

E você pode falar "ah, Malu, que viagem essa de autoajuda pra arrumação da casa... fala sério". Eu respondo: Estou falando seríssimo! Pra quem gosta de deixar tudo direitinho, com boas energias e leveza, isso se torna fundamental. Não há nada mais prazeroso, aos meus olhos, que ter tudo arrumadinho pra que eu possa chegar ao conforto do meu lar e ele esteja realmente confortável e feliz. 

Bom, pela ordem de arrumação que ela propõe, deve-se começar pelas roupas. Eu pensei "caramba! não vai sobrar nada (??)" e depois pensei "se não sobrar nada eu estou com sérios problemas". Deixei então de pensar e fui para a prática, direitinho como ela manda. Meu guarda-roupas, em menos de duas horas, ficou assim:
 duas horas, ficou assim:c
                            
                                                Blusas e Suéteres
Calças, Shorts, Saias e Vestidos
Pijamas
Roupas para exercícios físicos
E aqui, a maior surpresa: a pilha de roupas que foram descartadas!!


Um terço das minhas roupas que eu guardava só por não avaliar direito o que me era realmente necessário e que me trazia alegria. Algumas dessas peças são novas, inclusive. E aí vem a principal lição que aprendi: preciso ser honesta comigo mesma. Não adianta nada guardar o que não uso só pra não me desfazer. E, sinceramente, resolvi fazer isso em todos os âmbitos da minha vida.

"A vida começa de verdade depois que se põe a casa em ordem." (Marie Kondo)

Download do livro aqui.

quarta-feira, 30 de setembro de 2015

Meu dilema maluco com o tempo

Durante boa parte do tempo eu sofro com alguns dilemas cotidianos aparentemente inúteis ou bobos e por vezes me pergunto se as outras pessoas passam por isso também. Não são grandes questões existenciais, mas incomodam o desenrolar do meu dia-a-dia. Julguem-me se quiserem ou se identifiquem se passam pela mesma situação e construímos assim uma ponte em nós (porque eu sempre faço referência à alguma música nos meus textos? Esse, por exemplo, já é um dilema).

Esses dias eu resolvi adiantar cinco minutos no meu relógio pra tentar não chegar atrasada nos lugares. Sim, eu sofro desse mal. Daí, primeiramente, não funcionou porque eu já sabia que eu havia adiantado esse tempo e logo, quando eu acordava, eu sabia que eu tinha mais cinco minutos pra procrastinar e continuei chegando atrasada. O que eu fiz? Um dia tentei não ver a hora real do relógio e o adiantei apenas pressionando o botão sem contar quantos minutos eu tinha adiantado, assim eu não ia saber quanto tempo eu tinha passado e não teria como me sabotar - Inclusive eu fico pensando a maravilha que seria se um dia alguém adiantasse meu relógio sem que eu percebesse e eu, enganada, passaria a funcionar normalmente. Mas ninguém nunca fez isso... Fica a dica aí pra quem é meu amiguinho e lê esse blog.

Voltando ao assunto, eu adiantei lá os tantos minutos que eu não sabia quanto e funcionou, eu comecei a acordar atrasada e fazer as coisas atrasada quando na verdade inconscientemente eu estava fazendo tudo na hora certa. A mente da gente funciona de uma forma maluca algumas vezes, né?

Só que um dia aconteceu de eu não ter mais noção da hora certa porque eu achava que havia perdido a hora e na verdade estava cerca de vinte minutos adiantada e não sabia mais se, por exemplo, o ônibus daquele horário já teria passado ou se a pessoa que eu marquei de encontrar já havia chegado e ido embora, etc. E então eu comecei a ter que pesquisar a hora certa no Google porque a do meu relógio já não satisfazia mais esses questionamentos. E tinha que perguntar a hora às pessoas na rua pra ter uma noção e isso foi virando uma paranoia meio tensa. 

O estopim foi um dia que eu tinha que estar na parada do ônibus às 5h25 da manhã, o dia já estava claro e eu tinha plena consciência que havia perdido o ônibus (o que me deixou angustiada). Até que resolvi perguntar ao moço que estava ao meu lado que hora era e ele me disse "5h05". Eu fiquei ligeiramente impressionada e também confusa porque o dia já estava claro e eu não sabia que horas eram direito e enfim... Resolvi colocar meu relógio na hora certa.

Só que chegando ao trabalho a hora no relógio de uma das minhas colegas estava dez minutos a mais e passou a impressão que eu estava atrasada. Conclusão: Eu sei lá que loucura foi essa.

Agora eu voltei para os simples cinco minutos adiantados porque aparentemente é o que todo mundo faz e vou ter que condicionar meus hábitos mesmo pra encontrar um meio termo entre o meu tempo e o tempo dos outros. O horário oficial de Brasília é só um parâmetro pra todo mundo se adiantar de acordo com ele, não vale muita coisa no meu dia-a-dia.

quinta-feira, 17 de setembro de 2015

Uma historinha pra vocês

Hoje eu resolvi contar uma das várias histórias bizarras que já aconteceram comigo. O mundo é um lugar incrível, com milhões e milhões de espécies animais e vegetais. Segundo o Wikipédia, o número total da população do planeta atingiu mais de 7 bilhões, o que totaliza gente pra caramba.

Pois bem, eu já conheci um grande número de pessoas por onde caminhei, grande parte nem tenho adicionado no Facebook (lá, tenho pouco mais de 400 pessoas e vivo fazendo “limpeza” pra ver quem ainda deixo permanecer), mas os fatos mais bizarros da minha sempre se deram a partir de pessoas que já conheci e situações que estas me fizeram passar... como se já não bastasse o número de situações que eu mesma me causo.

Estava eu em pleno período de graduação, meados de 2010, ainda morava em João Pessoa (saudades) e em um feriado resolvi viajar para Natal (cidade onde moro atualmente), pra aproveitar um pouco mais e ver gente diferente. Ao chegar aqui, logo fiquei sabendo de uma calourada que seria muito legal, segundo as pessoas daqui, e uma amiga e eu resolvemos ir.

Chegando lá, [mas que vergonha, só tinha mac...] a festa já tinha começado e tinha pouca gente, a bebida estava quente e o pessoal meio morgado. Mas, já que estava lá, o jeito era tentar aproveitar. A banda começou a tocar e chegou um cara que me chamou pra dançar. “Opa! Vamos lá moço, me anime”, pensei enquanto aceitei o pedido. Sem contar que o broto era muito bonito.

Dois pra lá, dois pra cá, o cara pergunta meu nome. Respondo, e antes mesmo de perguntar o seu, ele solta “é sério? Esse é o nome da minha mãe!” Mas o que? Pensei logo que seria uma daquelas cantadas baratas, visto que sempre imaginei que eu seria a primeira senhora de idade a se chamar Malu (Malu mesmo).

Mas não, era real. E por eu ter a sorte de ter o mesmo nome da mãe dele, me parece que ele se sentiu acolhido a ponto de me abraçar e dizer “eu tô sofrendo porque acabei o namoro...”.  E aí, faço o que contigo? Me vi no meio de uma festa [estranha com gente esquisita, eu não tô legal, não aguento mais] morgada, com um carinha abraçado comigo e o pior, chorando no meu ombro. Olhei pra um lado, olhei pro outro e: “cara, senta aqui, deixa eu te contar um segredo... quando a gente tá assim, a gente não vem pra uma festa encher a cara não, a gente sofre em casa mesmo e se resolve primeiro” e ele sorriu, tadinho. Disse que iria pensar melhor e procurar a ex pra resolver a situação, que iria engolir o orgulho.

Depois ainda dançamos mais uma música e ele perguntou o que eu fazia da vida, eu só disse que era estudante. Já pensou se eu conto pro cara que estava fazendo o curso de Psicologia? Desde então, em lugares assim eu digo que faço engenharia de telecomunicações, que é pra encurtar o processo. Ai ai, eu e minha missão na Terra...


domingo, 30 de agosto de 2015

O que vem primeiro, meu erro ou o seu?

Os últimos dias têm sido bastante corridos pra mim, andei muito, resolvi muita coisa, trabalhei bastante. E nesses meus caminhos eu tive contato com uma pessoa que estava sofrendo por um recente pé na bunda. Como eu sei que minha missão na terra é ouvir e ajudar as pessoas a terem um pouco de paz na desordem de suas vidas, resolvi lhe dar atenção.
Ela falou durante horas sobre um relacionamento fracassado, e deixava bem claro que havia se envolvido sabendo que não daria em nada, que no fundo sentia que ele poderia ter outra pessoa. Até aí tudo bem, é uma escolha se envolver com quem não quer se envolver. Mas aprofundando a conversa ela acabou relatando que esperou mais atitude do cara, que ele deveria ter lhe dito antes que estava em outro relacionamento, situação essa que ela nunca havia lhe questionado, sequer procurado a rede social do cara. Mas se ele tivesse falado o que nunca foi questionado, teria lhe poupado semanas de dedicação e acolhimento em sua residência. Sem contar que ela o culpava amargamente por esse sofrimento de agora.
Beleza, isso acontece. Mas, porque esperar tal atitude somente do cara? Segundo ela, o homem é que precisa por as coisas em pratos limpos, impor as condições porque ela já havia aberto as portas. Nesse ponto eu precisei discordar. Não é possível que séculos de desenvolvimento humano se passaram e ninguém avisou que não são só os homens que precisam ter atitude. Principalmente se tratando de até onde eu deixo a pessoa entrar na minha vida!
A vontade que eu tive foi de balançar aquela mulher e dizer "minha querida, assuma sua participação na desordem da qual você se queixa!" Já dizia o bom e velho Freud. Longe de buscar culpados e estabelecer julgamento, mas convenhamos que se tratando de dois seres humanos livres em suas vontades de estarem juntos os dois precisam se colocar pra entender o que querem e decidir até onde vão com isso.
Na minha opinião, não há nada mais legal no mundo (se tratando de relacionamentos) do que duas pessoas que opinam.
- Ei o que eu quero é isso? E você? 
- Então, o que eu quero é isso aqui. 
Dadas as condições, lancem-se ao encontro, ou não.
Em que parte da história da humanidade alguém estabeleceu que isso não pode ser feito? Qual foi o grande pensador do século que disse "jamais fale o que você quer ou o que sente porque isso afasta o outro!" Eu tenho visto que é exatamente o contrário. Pessoas passam a vida engolindo sapos enormes pra simplesmente não chegar no outro e falar "qual é a sua?"
Isso nada mais me parece do que medo de perder o outro. Mas, honestamente, aqui pra nós, eu não quero uma pessoa na minha vida que eu possa perder no momento que eu fale como eu me sinto. Isso é o básico! "Ah Malu, por isso você tá solteira!" Graças a Deus então, tenho curtido bastante minha solteirice.
O ser humano possui duas ferramentas sensacionais: capacidade de comunicação e aprendizagem. Façamos bom uso. E isso inclui aprender a nos conhecer.
Para a moça eu disse que agora é curtir a fossa mesmo, mas cuide em aprender com isso. E eu estou longe de ser a pessoa mais bem resolvida da terra, mas aprendi a olhar certas coisas com outros olhos porque me cuidei, busquei conhecer até onde eu posso enfiar o pé sem perdê-lo. E outra coisa, eu já fui bastante algoz de mim mesma nesses lances da vida. Culpei e busquei razões somente nos outros do porque o relacionamento não ter dado certo, mas graças à minha terapeuta eu aprendi a olhar os dois lados.
Existem situações que o outro é o babaca? Existem. Existem situações que nós somos os imaturos? Existem. Existem situações que estamos prontos e o outro não e não é culpa de ninguém? Também. Identificados os sentidos, nada melhor do que seguir em frente.
Prender o pé no buraco de uma mágoa de relacionamento mal resolvido é assinar uma sentença de amargura que só fará mal à quem está preso. Nada mais digno do que libertar-se de tais sentimentos olhando a realidade dos fatos, e se incluindo neles para buscar melhorias.
A moça ainda soltou que lamenta ter aprendido algumas técnicas de cozinha com o cara porque agora não fará mais sentido usá-las. E eu completei: Deveria fazer o contrário, se alguém lhe trás algo que possa te melhorar, mesmo que esse alguém não valha mais apena, aceite isso.
E concluo o pensamento agora: Moça, aperfeiçoe essas técnicas, coloque o seu tempero e chame outro cara pra jantar!

"O que vem primeiro, a música ou o sofrimento?"
Cena do filme "Alta Fidelidade", que esse texto me lembrou bastante.

quarta-feira, 12 de agosto de 2015

Mudaram-se as perspectivas

De repente, tudo que era pequeno se tornou grande e o que era grande perdeu espaço, portanto, diminuiu. Algumas necessidades deixaram de sê-las, alguns hábitos foram transformados. E as vontades, por hora, extintas. De repente tudo, absolutamente tudo, era considerável. E ao considerar tudo, alguma coisa, ou qualquer coisa, até as mesmas coisas poderiam acontecer. É a sensação de que o ônibus não segue mais o itinerário, na verdade a sensação que desci do ônibus e ando pelas ruas. Não há um só caminho traçado, existem vários caminhos.

"E parecia-lhe que entrava enfim numa existência superiormente interessante, onde cada hora tinha seu intuito diferente. Cada passo condizia à um êxtase, e a alma cobria de um luxo radioso de sensações! Ergueu-se de um salto, passou rapidamente um roupão, veio levantar os transparentes da janela... Que linda manhã! Era um daqueles dias do fim de agosto em que o estio faz uma pausa; há prematuramente, no calor e na luz, uma certa tranqüilidade outonal; o sol cai largo, resplandecente, mas pousa de leve; o ar não tem o embaciado canicular, e o azul muito alto reluz com uma nitidez lavada; respira-se mais livremente; e já se não vê na gente que passa o abatimento mole da calma enfraquecedora. Veio-lhe uma alegria: sentia-se ligeira, tinha dormido a noite de um sono são, contínuo, e todas as agitações, as impaciências dos dias passados pareciam ter-se dissipado naquele repouso." (Eça de Queirós, O Primo Basílio)


sábado, 1 de agosto de 2015

Depois de mais de 3 mil quilômetros...

Escuta enquanto lê!


Entre decidir ir, planejar, juntar dinheiro e viajar há um enorme intervalo, essa parte durou três meses, um tempo relativamente longo que me fez não atentar muito para a chegada da data, assim como não ficar ansiosa, pois a meu ver sempre havia muito tempo até lá. Serviu também para que eu não criasse grandes expectativas, e o fato de assumir que eu iria sozinha me fez pensar que tudo que desse certo seria lucro.

A principio, a viagem seria em função do II Congresso de Psicologia e Fenomenologia, e a ideia de ir surgiu do grupo de estudos e base de pesquisa nesta área, do qual faço parte. Porém, não consegui conciliar minha viagem com a de ninguém do grupo, uns não foram, outros já haviam planejado com outros... enfim, decidi que mesmo assim iria e aproveitando, uniria às férias que eu não teria se não fosse por isso. Tornei então essa viagem algo que já tinha vontade de fazer e que, inclusive, estava na minha lista de 30 coisas pra fazer antes dos 30: Fazer uma grande viagem sozinha.

O que eu não esperei é que conheceria um grupo de pessoas excepcionais que tornariam minha viagem tudo, menos solitária. Houve os que chegaram primeiro, outros que se aproximaram depois e existem os que passaram da experiência de lá para os dias que se sucedem a partir de agora. 

Vivenciamos experiências e mais experiências durante o percurso da nossa vida, isso é fato. Mas algumas nos fazem sentir que, depois delas, nossa vida não é mais a mesma. E foi isso o que eu senti. Eu não sei se foi pelo fato de eu ter desafiado a mim mesma em todos os sentidos e ter obtido sucesso, ou se foi pelo fato de eu ser uma pessoa muito intensa e aberta. Só sei que parecia que eu estava em perfeita sintonia, a ponto de me sentir fazer parte daquele lugar, assim como da vida das pessoas que conheci lá.

Eu era a mesma Malu de sempre, ao mesmo tempo renovada pelo encontro com o lugar e com as pessoas tanto de lá quanto de outros lugares. O universo, para mim, estava em sintonia com as minhas vontades. Tudo, absolutamente tudo que planejei eu fiz, e mais uma porção de coisas que eu não planejei, também. E, entre estas e aquelas, as que não planejei foram as mais incríveis. 

Eu me senti feliz, de verdade. Uma felicidade genuína, que me fez não querer mudar nada porque todas as escolhas me trouxeram até aqui e este aqui é onde me parece ser o melhor em que eu poderia estar, dentro das minhas possibilidades. 

Um grande amigo me disse que essa viagem seria para mim um divisor de águas, em virtude de uma leva de situações complicadas que eu havia passado nos últimos 3 meses, e ele nunca esteve tão certo. Viajar é uma experiência incrível, que nos tira da nossa zona de conforto, nos faz sentir que o nosso lugar não é melhor que o outro, aprendemos mais sobre nós mesmos, e aprendemos inclusive a voltar. Há o que é bom em casa, há o que é bom lá fora. Se isso puder ser unido, perfeito.

Não digo que tudo será um mar de rosas a partir de agora, já que estou no mundo e dele sofro influência, tanto positiva quanto negativa. Mas posso afirmar que estou me sentindo como há muito tempo não me sentia, e a sensação de vivacidade, de que algo despertou dentro de mim, esta me acompanhará por todos os dias, e talvez até me ajude a passar pelas próximas situações conflituosas. Afinal, a vida é isso, não é mesmo?


Resta-me o sentimento de gratidão à Curitiba e à todas as pessoas que fizeram parte dessa experiência. Eu espero, honestamente, poder voltar logo e reencontrar todos aqueles que fizeram dessa viagem um dos momentos mais importantes e incríveis da minha vida até hoje. 

quinta-feira, 16 de julho de 2015

A dificuldade de parar depois que comecei a andar (e de criar laços)

Permaneci em um só lugar apenas até a 8ª série do ensino fundamental. Foram oito anos praticamente com a mesma turma, os mesmos amigos, infinitas histórias compartilhadas. Só tenho registro fixo até aí. Meu cabelo era grande e de um jeito só. Meu estilo de roupas, também. Minhas músicas, gosto por filmes. Tudo se mantinha. Eu tinha um lugar fixo para morar, eu tinha um animal de estimação fixo, eu tinha até um telefone fixo. Tudo estava perfeitamente encaixado, enquadrado, sendo formado. Até que chega o ensino médio.

A cidade em que eu morava era muito pequena, não oferecia qualidade de ensino o suficiente para uma boa educação pré-vestibular, e lá vou eu para a primeira mudança. Uma cidade vizinha, um pouco maior que a minha, com gente diferente, mas eu estava empolgada. Os professores eram bacanas, minha turma era legal e o melhor, continuava pequena. Éramos uma turma de 10 alunos. O colégio era pequeno e estava quase falindo, mas em qualidade era muito bom. Até que, no fim do ano o colégio fecha. Choro, despedida, finalização. Outra mudança se fez necessária.

Segundo ano do ensino médio, uma cidade maior que a segunda. Uma turma tão grande que precisou se dividir em duas. Aquilo me deixou abismada! Eu nunca imaginei estudar em um colégio tão grande. E lá estava eu, enfrentando, conhecendo, fazendo novos amigos. Fiz grandes amizades, daquelas de passar o fim de semana umas nas casas das outras, compartilhando histórias e confissões, estava tudo indo muito bem. Até que, por uma necessidade que não mais tão minha, tive que me mudar de novo. Choro, despedida, finalização.

Terceiro ano do ensino médio. Uma cidade maior que a terceira, um colégio gigante de três andares. Sem contar a moradia, não era mais fixa. Um quitinete minúsculo, a obrigação de me virar sozinha, o amadurecimento forçado. A saudade dos amigos anteriores, só haviam as cartinhas em uma caixa que eu abria quase toda noite. Ninguém aguentava mais o drama e os choros. Até que em pouco tempo, me adaptei. Fiz amizades, me enturmei. Comecei a me sentir parte daquele lugar, a fazer parte da vida da galera, e a galera parte da minha. Éramos a melhor turma de terceiro ano e a mais difícil, diziam os professores. Esse era o nosso orgulho: ser o terceiro ano B, o sem jeito, mas tínhamos personalidade. Cortei o cabelo, comecei a mudar o gosto musical. Terminado o terceiro ano, por motivos de força maior, não pude permanecer lá. Choro, despedidas, finalização. 

Lá vou eu me mudar. Quinta cidade, menor um pouco que a quarta, ano de cursinho pré-vestibular. O ano que mais me cobrei e fui cobrada, em quase todos os sentidos. Quase não dei conta de mim mesma. Até que, passei no vestibular! Choro, comemoração, início de uma nova fase que prometia grandes resultados! Porém, outra mudança.

Sexta cidade, maior que todas as outras juntas. Universidade. Dessa vez me mudei por motivos meus. Por uma escolha minha. Tudo, absolutamente tudo era novo. Não estava mais apegada a quase nada, se notava até mesmo pelo amor que eu tinha ao meu cabelo grande e a facilidade que eu o cortava. Cheguei a pintar todo de loiro, inclusive. Ah, cresce de novo! Fiz grandes amigos, mas não me apegava mais, deixava-os ir com a mesma facilidade que os aceitava de volta. Era uma pessoa aberta demais, vivia tudo intensamente, já que pela minha experiência, havia um prazo de validade. Os 5 melhores anos da minha vida, diga-se de passagem, e isso poderia ter me prendido àquele lugar para sempre. Mas não o fez. Senti que era hora de ir. 

Sétima cidade, maior um pouco que a ultima. Escolha difícil, aparentemente sem sentido para alguns, confesso que até mesmo pra mim às vezes. Poderia ter ficado no lugar anterior, mais confortável. Mas isto não era mais uma característica minha há muito tempo. O período agora é de pós-graduação e trabalho, que não me promete muita coisa além do que os outros lugares prometiam, mas eu quis pagar pra ver.

Conclusão disso tudo? Escolhas que são apenas parte de um processo. À nenhuma delas eu fui obrigada. Nem iludida. Porém o preço é alto. Hoje eu me vejo em um pequeno apartamento, com fotos em todos os lugares, a maioria de pessoas que não fazem mais parte do meu convívio. E daqui pra frente pode ser que outras se aproximem. E também possam ir embora. Afinal, aprendi que quando me soltei para experienciar minha vida, nada mais me prendeu. Se isso é bom ou ruim? Não sei. Às vezes me alegra, outras vezes me entristece. Mas na maioria das vezes me dá a certeza de que já que sou assim, o jeito é ser. Não faço a menor ideia se é aqui que vou fixar lugar, como diz o poema de Fernando Pessoa:

Navegadores antigos tinham uma frase gloriosa: 
"Navegar é preciso; viver não é preciso".

Quero para mim o espírito desta frase, 
transformada a forma para casar como eu sou:

Viver não é necessário; o que é necessário é criar. 
Não conto gozar a minha vida; nem em gozá-la penso. 
Só quero torná-la grande, 
ainda que para isso tenha de ser o meu corpo (e a minha alma) a lenha desse fogo.


Richard Parker - As Aventuras de Pi


quarta-feira, 1 de julho de 2015

Carta aos donos dos meus pertences

Caros colegas assaltantes,

eu sei que vocês não vão ler esta carta, se o fizessem seria algo bem bizarro, mas eu gostaria de externar meus sentimentos de alguma forma. Entendo que, pelo visto, eu trabalho para lhes dar o que é de vocês por direito, só que o susto que eu levei no momento que vieram buscar foi terrível. Vai ser difícil pra caramba ressignificar tudo isso, 5 minutos de contato com vocês se transformarão em uma dor de cabeça de vários dias, quem sabe alguns meses. Sem contar a dificuldade pra recuperar todos os meus documentos, que eu não sei se vocês lembram, foi a única coisa que eu pedi que deixassem. 

Eu percebi que o camarada que não muito delicadamente me "imprensou" na parede cogitou a possibilidade de deixar os documentos. Aliás, dentro da minha bolsa não havia nada que vocês iriam fazer uso, a não ser R$10,00 de resto dos R$20,00 que eu havia pedido emprestado à uma amiga para voltar pra casa pois estava sem dinheiro. Mas a bolsa era grande, eu entendo, chamou-lhes a atenção, deveriam levar, obviamente.

Ah, e o grito não foi intencional. Sei que ficaram irritados, por isso a prensa contra o pescoço, mas convenhamos, é uma reação involuntária que muita gente tem quando sente um susto. De qualquer forma, fico grata por não ter havido algo mais sério, não precisava já que eu sou mulher e estava sozinha na rua. Indefesa. Todo mundo fala que vocês poderiam ter feito coisas mais sérias, como me levar junto na moto (seria meio estranho nós três em uma moto, mas vai que né?), poderiam ter me agredido quando eu gritei porque eu fui sem noção... Ouvi dizer que, quando vocês surgem, a gente tem que ficar quietinha e ter obrigatoriamente algo de valor que compense o trabalho de vocês, se não a gente apanha. Foi compensado. Suponho que por isso vocês não fizeram mais nada. Só o meu celular de R$1200,00 que não havia nem um mês que eu havia comprado foi o suficiente. Ainda bem! Bem material a gente recupera, logo logo esse medo vai passar.

Sem contar que vocês foram os melhores da noite. Ao ir à delegacia fazer o B.O. ouvi tanta história de outros casos praticamente no mesmo horário que o meu, que me fizeram até parar de chorar e rir um pouco. Nós que estamos desse lado beneficiado da história nos encontramos todos no mesmo barco. Afinal, vocês estão do lado dos que têm menos, então nada mais justo do que vir buscar aqui o que aos olhos de vocês, sobra. Infelizmente, levam muito mais que os nossos bens. Comprometem nossa condição psíquica. Não quero entrar mais fundo nesse assunto de quem sofre mais, certo? Há uma razão pra vocês estarem buscando seus pertences com as pessoas que oferecem um acesso mais fácil. Andei sozinha na rua pra quê? Tirei o celular da bolsa na porta do prédio pra quê? Andei com uma bolsa grande que chama atenção pra quê? Estava tão óbvio. Outras pessoas até me falaram depois que agora eu aprendo. Devo aprender.

Longe de mim querer culpá-los por isso, mas em consequência desse contato com vocês eu me sinto sem ter a quem recorrer. Até entendo todos os meus parentes e amigos que dão sermão e falam todos a mesma coisa: "isso passa", "não aconteceu nada", "o que você falaria pra um paciente seu que sentisse a mesma coisa? Você precisa ficar bem", "bem material a gente recupera", "você poderia ter morrido", etc, etc. Mas infelizmente, não sinto que são todos que compreendem a minha necessidade de falar até que isso diminua e se ressignifique dentro de mim. Que saco, não é? Esse mimimi pós assalto. 

No mais, solicito-lhes, do fundo do meu coração, que não voltem por aqui. Façam bom uso dos meus pertences e fico grata por não terem feito o "mais" que todo mundo fala que vocês poderiam fazer.

Atenciosamente,

a guardiã temporária dos pertences que vocês definitivamente levaram.

segunda-feira, 29 de junho de 2015

A massa que eu sou feita (Filmes)

Filmes são quase como livros, nos causam emoções e sentimentos que na ausência disso levaríamos mil anos para sentir. Quando muito ruins, a sensação de ter perdido duas horas do nosso tempo precioso é frustrante. Quando muito bons, a sensação de insignificância diante da beleza do mundo é gritante. É mais ou menos assim que eu me sinto. Já perdi a conta do número de filmes que eu assisti até hoje, assim como me falha a memória os que assisti há muito tempo atrás, mas sempre existem aqueles que eu me sinto despida e descrita, e as vezes nem identifico o porquê. Foi difícil elaborar uma lista tão curta, e provavelmente daqui um tempo a lista já estará atualizada na minha vida (talvez em 12 horas), mas essa é a graça da coisa: a gente se constrói e se destrói a cada novo encontro que nos modifica. Sem mais delongas, vamos começar:

Nota: Não farei críticas ou comentários técnicos inteligentes. Só escreverei o que senti e o que cada um representa pra mim.

1. The Teory of Everything (A Teoria de Tudo):

De longe, o filme que mais me causou um turbilhão de sentimentos, passei dias para elaborar e até hoje não consigo direito. A grosso modo, conta um pouco da história do físico britânico Stephen Hawking, a partir do seu relacionamento com a primeira esposa, o desenvolvimento de sua tese e as dificuldades em lidar com uma doença bem limitante. Eu não sei o que mais me chamou atenção, se foi a incrível capacidade de resiliência dele, ou o comprometimento, disponibilidade e abertura da primeira esposa para com ele. Em uma linha mais rasa, foi o que Intocáveis e Uma Mente Brilhante me fizeram sentir também. A Teoria de Tudo me fez repensar muitas coisas a meu respeito, sem contar que eu sonhei durante alguns dias com a história misturada a elementos da minha vida. Detalhe: a forma de sorrir do ator durante o filme me encantou profundamente.



2. Medianeras (Buenos Aires na Era do Amor Virtual):

Diferente do primeiro, este é um filme melancólico. Misturando elementos da arquitetura e conflitos psicológicos, representa as patologias existenciais da sociedade atualmente. Em resumo, mostra um pouco da vida de um rapaz e uma moça que vivem um de frente para o outro, na mesma avenida, mas nunca se viram. Ambos estão tentando retornar à vida de solteiros. A solidão, as fobias, os vícios... até um cachorro "se suicida" no filme. Fiquei levemente triste ao assisti-lo e me identifiquei bastante com algumas coisas. Mas mesmo relatando toda essa melancolia, traz um final bacana que me fez pensar o seguinte: é, a gente sobrevive, é só abrir uma janela onde não tem.



3. Fight Club (Clube da Luta):

Um filme que me prendeu a atenção de uma maneira que me surpreendeu muito. Eu não sei como ou o porque (e isso é até meio maluco), mas me identifiquei com algumas coisas que os três (ou seriam dois?) personagens principais apresentam. Eu nem me atrevo a fazer um resumo básico aqui porque sou incapaz. É como falar que Breaking Bad é só uma série sobre um professor de química que descobre que tem câncer e começa a fabricar droga em prol da família. A sensação que eu tive com Clube da Luta foi de um soco no estômago (hahaha).

"Only after you lost everything that you free to do anything."
- "Apenas depois que você perder tudo é que você esta livre para fazer qualquer coisa."

Receba!



4. Relatos Salvages (Relatos Selvagens):

Digamos que esse filme pode ser resumido em uma frase: A vida é uma caixinha de surpresas! O filme é dividido em contos, histórias cotidianas que são levadas a fins extremos de personagens perdendo o controle e envolvendo vinganças. É sensacional, divertido e instigante. Sem contar o humor negro!! Eu senti um verdadeiro comichão assistindo a cada uma das histórias. A do avião, a da bomba e a do casamento pra mim foram as melhores. Se isso diz algo sobre mim? Deixa quieto. Só em escrever aqui eu já estou inquieta.  



5. About Time (Questão de Tempo):

Esse foi um filme que mudou verdadeiramente uma coisa na minha vida: minha relação com o tempo. O filme e a minha terapia, claro. Tem uma parte meio clichê, os homens da família do cara possuem o dom, poder ou o que seja, de entrar em um armário ou qualquer lugar pequeno e fechado, e voltar no tempo para modificar o que quiserem. Porém ele deixa claro que não dá pra voltar no tempo no sentido de outras épocas, só em momentos da vida da pessoa mesmo. Mas tem um desenrolar bacana e um final que me fez mudar de verdade um conceito na minha vida: o desejo de querer voltar pra reparar o que eu não fui capaz de fazer em algum dado momento.



6. Entre Abelhas:

As pessoas somem! Só precisou disso pra despertar minha curiosidade. Em suma, o protagonista se separa da mulher e começa a deixar de ver as pessoas ao longo de um determinado tempo. Isso o faz pensar em várias questões. O curioso é que ele deixa de vê-las, assim como tudo que está relacionado a elas (como as roupas e acessórios que usam ou estão segurando). Porém ele as sente, se esbarrar na rua por exemplo. Ao procurar uma análise, ele começa a pensar o porque disso e etc. O que eu concluí em um primeiro momento é que, as vezes só quando deixamos de enxergar os outros é que começamos a olhar para nós mesmos. Daí em diante, põe reflexão nisso. Detalhe: Eu queria comprar uma cadeira vermelha (mas não precisa ser de puteiro).



É isso. Ah, e só mais uma coisa, minha intenção não foi classificar os melhores filmes da indústria  e etc. Inclusive existem muitos outros que eu adorei, e outros mais que eu ainda não ví é claro, que podem ser melhores. Esses são só os que representam questões específicas e situacionais de reflexão profunda (nossa!) que eu percebo se encaixar na minha vida de alguma forma.

terça-feira, 23 de junho de 2015

Chata

Ando chata. Ranzinza mesmo. Mas, por isso, mais leve. É preciso assumir a chatice de vez em quando, a impaciência pra certas situações. Não é porque compreendemos as coisas que precisamos aceitá-las, concorda? Eu tenho pensado assim ultimamente.
Não me violo. Não me desrespeito mais. Não frequento lugares que não quero só pra não assumir a terrível e assustadora solidão, que nem é tão assustadora assim. Não me movimento em prol de quem não se movimenta. Não puxo ninguém pra perto, sinto que ando empurrando muito mais. Fica quem quer, e aí eu fico se eu quiser também.
Há um tempo que decidi não enfrentar o que não tenho interesse. E esse tempo tem sido determinante para os dias que se sucedem. Houve um tempo que sim, eu fiz tudo que queria e o que não queria também. Mas agora, por já ter feito isso, tenho o prazer de não querer mais. E isso se estende pra muita, muita coisa, por isso nem vou citar exemplos. Falando nisso, também ando me privando de grandes explicações. Oras, que não me entendam! 
Há uma dose grandiosa de liberdade em permitir que o outro não me compreenda, ou não me aceite. Isso me permite também não ter que impor nada ou ninguém à mim. 
Por não andar buscando mais nada, tenho encontrado uma infinidade de pequenas coisas. Por não andar querendo surpresas, não me frusto em não encontrar nada na próxima esquina. Por saber o que quero e o que não quero, sou feliz e triste quando posso ser. Por me permitir, permito que tudo aconteça. Por me conhecer, conheço o que posso dar conta. E o que não dou conta, tenho o prazer de mandar embora.


Pare um pedaço.

terça-feira, 9 de junho de 2015

10 lições pra arrumar um namorado

Dia dos namorados tá chegando e pra você não fazer como eu e arrumar um namorado, segue uma receitinha de bolo que eu criei a partir de informações coletadas de terceiros sobre a arte da conquista.


1 – Se ele mencionar algo sobre relacionamento no sentido dele ter medo de se envolver, fale que não quer nem tem intensão. Jamais na sua vida assuma que você busca um compromisso sério e saudável;

2 – Não ligue para ele no dia seguinte;

3 – Não o chame para sair a não ser que ele te chame. Nem esteja disponível mesmo querendo estar com ele;

4 – Demonstre o mínimo possível que está se interessando e seduza o máximo possível como se aquele momento fosse o último;

5 – Jamais se apaixone primeiro, ou se acontecer, não demonstre. Isso prejudica muito o andamento das coisas;

6 – Cerque-o sorrateiramente;

7 – Não seja você logo de cara, o mistério é essencial;

8 – Não responda as mensagens rapidamente, fale pouco e não avise caso não possa atender uma ligação ou realmente tiver que demorar a atender;

9 – Não fale como se sente, mesmo se estiver chateada com alguma atitude do cara. Ainda não estão namorando então vocês não tem nada;

10 – Volte ao número um a cada semana até que ele te peça em namoro. Mesmo isso levando meses.

Espero que dê certo e que você tenha frieza o bastante para conseguir fazer isso. Eu não consigo. E só pra deixar claro, essas são lições só pra arrumar um namorado tá? Não digo pra arrumar um cara bacana e que seja um bom companheiro não. Pra isso aí, não tem receita. 

Love is in the aaaaaair!!!

Ai gente, feliz dia dos namorados! <3
Cada um sabe a dor e alegria de buscar um tênis velho pra um pé cansado.

sábado, 6 de junho de 2015

30 coisas antes dos 30 (Lista)

Quem leu a postagem 50 coisas sobre mim viu que uma delas é que eu cumpri uma lista de 20 coisas pra fazer antes dos 20 e agora tenho uma de 30 coisas pra fazer antes dos 30. Resolvi postar a lista aqui pra quem gosta de sair da rotina e se desafiar, afinal, a vida é uma só.

1. Pintar o cabelo inteiro de outra cor.

2. Nadar pelada em uma piscina.

3. Comprar flores pra um estranho.

4. Pichar um muro.

5. Fazer uma grande viagem.

6. Fazer um teste drive em um carro que eu nunca vou poder comprar.

7. Escrever um livro.

8. Provar vestidos de noiva.



9. Escrever uma carta honesta à cada um dos meus melhores amigos.

10. Aprender a tocar violão.

11. Ir à um estádio de futebol em dia de jogo e gritar todos os palavrões que eu conheço.

12. Ir à um templo budista.

13. Salvar a vida de alguém.

14. Doar sangue ou medula.

15. Fazer uma maratona de todos os filmes que estejam em cartaz no cinema (tipo, sair de um e entrar em outro, pagando claro).

16. Terminar o inglês.

17. Ler todos os livros que comprei.

18. Consultar uma cartomante.

19. Aprender um oficio inútil.



20. Fazer um ensaio fotográfico sexy (ui!).

21. Desconectar-me totalmente do mundo por uma semana.

22. Superar um medo.

23. Fazer um mapa astral.

24. Aprender a fazer massagem.

25. Me apaixonar.

26. Dizer eu te amo.

27. Aconselhar-me com uma criança.



28. Pagar uma rodada de cerveja pra todo mundo em algum bar.

29. Acampar.

30. Planejar uma comemoração bem legal para os 30!!!


quarta-feira, 3 de junho de 2015

PEDIDO

Deixem o mundo em paz!

Deixem os bichos e as árvores respirarem, isso nos ajuda a viver melhor.

Deixem as crianças e seu jeito de correr, pular, brincar e cantar.

Deixem os adolescentes e suas dúvidas experimentarem o novo.

Deixem os viados, as travas, os machos, as putas e os héteros viverem suas formas de amor.

Deixem os vegans e os carnívoros se alimentarem e fazerem suas dietas como acharem que devem.

Deixem os religiosos rezarem e os ateus não acreditarem. 

É muita crítica destrutiva e pouca abertura para a compreensão. Ou vocês acham que ao potencializar alguém a encontrar seu caminho, as escolhas posteriores serão ruins aos outros? 

Eu vi o contrário.

Eu vi gente que foi podada de diferentes maneiras fazer o mal. E gente que recebeu confiança e autonomia fazer o bem sem olhar a quem. 

Sejamos autênticos, respeitando a nós mesmos e os outros, e eu tenho absoluta certeza que tudo será mais leve e sereno.

Nesse momento, eu juro, somos infinitos.
 

domingo, 31 de maio de 2015

Coisas que ando aprendendo

Devo falar pausadamente com quem fala pausadamente. Mas confesso que me dá certa agonia a pessoa não concluir logo o raciocínio ou falar o que quer falar. Pra quê enrolar tanto?

A resposta tarda mas chega. 

Sumir não vai resolver nenhum mal entendido. Ficar aparecendo o tempo todo também não.

Procurar resolver tudo pode piorar. Têm coisas que não estão necessariamente quebradas, mas sendo construídas. 

Às vezes o melhor a fazer é soltar e não esperar retorno. Muito menos ida eterna. Nesse meio tempo fico tentando entender o que sinto.

Lerigooou, lerigoooou!

Meio tempo existe. E é diferente de meio termo.

A vida sempre mostra que ela é quem manda. Quando eu estou sozinha e defino que quero estar sozinha, a vida coloca alguém no meu caminho. Quando então assumo que tudo bem, agora quero estar acompanhada, ela tira. Vida, vamos entrar em um acordo?

Saber esperar, na maioria das vezes e na maioria das situações, pode ser algo muito interessante e trazer bons resultados. Isso se tratando de coisas que não dependam somente de mim.

Se eu estou sendo paciente, começo a pensar que devo ser mais.


Enfim, o que é a vida se não uma constante busca por equilíbrio, né? Só não gosto de ficar em cima do muro. Talvez isso seja a próxima coisa que eu devo aprender. De lá de cima a visão deve ser melhor.

quarta-feira, 20 de maio de 2015

Por favor, não me aconselhe.

Esses dias eu estava no ônibus e um senhor que estava sentado na cadeira da frente não parava de tossir. Ao atender um telefonema, tinha voz de quem fuma há um bom tempo. Ele não parecia estar bem. De imediato, pensei: é, isso é o que o cigarro faz com as pessoas, fuma quem quer. Em seguida eu já me condenei: que coisa feia, você nem sabe se o cara fuma mesmo! O ponto é, e se fumar? As pessoas têm esse direito, não têm? 
E por eu ser uma pessoa que pensa demais, logo viajei nessa reflexão. O que é certo e o que é errado. Existe um ponto de vista totalmente correto? Uma vez eu ouvi dizer que errado é aquilo que nos faz mal. Mas tem tanta coisa que eu faço que não me faz somente bem. E creio que outras pessoas também. Por isso é perigoso comparar. Opinar então! O que é compensador pra mim pode não ser pra você. Isso me faz estar agindo errado? Ou você estar errado? A ideia de conselho parte justamente disso. O que na minha experiência deu certo poderia ser o melhor pra você. E a gente quase sempre se convence disso quando opina sobre a vida de alguém ou julga.
Um dia desses eu estava no salão de beleza e a mulher que estava ao meu lado começou a puxar assunto. Quando eu disse que era psicóloga ela logo extendeu o papo. As pessoas fazem isso sempre, parece que por ser minha profissão, existe uma plaquinha na minha testa: estou sempre disposta a te ouvir. Até porque ela não parecia querer saber mais nada de mim. Começou a falar que uma grande amiga estava "presa" a um casamento que ela considerava um fiasco. "Não havia mais nada entre eles" ela afirmava achando aquilo um absurdo. Até que um dia sua amiga resolveu pedir-lhe um conselho, pensou na possibilidade do divórcio e quis saber sua opinião. Ela respondeu que a amiga deveria pedir, porque aquele casamento não existia mais, porém haveria de enfrentar a solidão, abrir mão do luxo que o marido proporcionava, aprender a ser sozinha. A amiga decidiu continuar no casamento, assustada que ficou com essa ideia de solidão toda. A minha nova amiga ficou arrasada, segundo me relatou. Comentei "conselho é perigoso, não é?" Ela pareceu sentir dor com o que eu disse. Mas de fato é verdade. 
Imaginei um mundo onde não existissem conselhos, cada um toma suas decisões baseado no que lhe é importante e os outros saberiam lidar com isso. Seria possível? Isso significaria que o cara da minha frente poderia fumar até morrer e sua mãe, esposa - ou mesmo eu que me incomodei um pouco por achar que ele estaria sofrendo de tanto tossir; ninguém diria para ele não fazer. 
Obviamente que ninguém seria obrigado a acompanhá-lo nas consultas ao médico, já que ninguém seria responsável pela escolha dele. Acompanhariam apenas porque ele pode ser um cara legal e alguém o ama sem julgar errado sua escolha de morrer mais cedo. 
Eu aceito suas escolhas, e se eu me envolver na sua história a escolha é minha. Mas modificá-la por querer que você seja melhor pra mim, jamais. 
A amiga lá da moça do salão pesou suas alternativas e quis continuar no casamento. Este existe se eles ainda estão lá, não é mesmo? Se pra moça do salão não era interessante o casamento da amiga, que no seu casamento ela faça diferente. Se eu não gosto de refrigerante, eu não tomo. É porque faz mal? Nem é. Só não gosto. Quem toma gosta, o corpo é da pessoa, que a gastrite lhe seja leve. Eu tomo café feito uma doida, que a gastrite me seja leve também.
Sei lá, talvez eu esteja indo longe demais, mas ultimamente comecei a pensar que não existe nada totalmente certo ou errado no mundo. Tudo, absolutamente tudo, depende da situação. Não digo que a experiência de vida de uma pessoa não possa ajudar a decisão da outra, mas ela escolhe se aquilo pode ser conveniente ou não. Por mais que ela siga os passos da outra, tudo com ela será diferente, já que é outra pessoa. Esqueça os "10 passos para ser bem sucedido na carreira" ou "5 regras para o casamento dar certo". Para a primeira opção, corra atrás do melhor jeito que você achar que deve. Movimente-se. Para o casamento, se conheça, conheça o outro e organizem-se entre vocês. 
É clichê, mas clichê existe porque é válido: Se conselho fosse bom, ninguém dava, vendia. 
Ah, e psicólogo não dá conselho, tá? Vamos parar com isso. O que psicólogo faz é outra coisa, é te ajudar a encontrar seu próprio caminho, com ferramentas teóricas necessárias (o que foge do senso comum). Mas isso é papo pra outra conversa...

Siga seu coração!
Somos muito mais felizes quando aceitamos nossos próprios atos. A aprovação alheia é consequência. Sempre vai ter alguém que discorda mesmo. Com esse alguém eu posso não conviver, mas comigo terei de conviver até o fim.